sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Exigimos respeito


A princípio andávamos sozinhos, alguns poucos pregadores da desgraça. Depois começamos a caminhar muitos mais, quando se percebeu que podíamos estar desgraçados. Mais tarde passamos a ser bastantes porque compreendemos que como a desgraça nunca vem só, tínhamos que ser muitos para a combater.

Finalmente fomos os suficientes para indignadamente marchar e obrigar a desgraça a recuar. Só que a desgraça é um monstro que se metamorfoseia e vitima os incautos. Aprendida a lição, agora temos que ser todos a derrubar o monstro para que ninguém mais o possa levantar. O 8 de Novembro será a data para a posteridade de uma classe profissional que fez história ao dobrar o seu “Cabo das Tormentas”.

Marcharemos revoltados pela honra e dignidade de uma profissão que não mais aceita ser tiranamente enxovalhada. Exigimos respeito.

Admitindo que não soubemos reagir convenientemente ao desditoso Estatuto da Carreira Docente, percebendo que a absoluta maioria governamental com laivos ditatoriais quer impingir o malogrado modelo de gestão e regenerar a figura sinistra do absoluto director(a), este é o momento crucial que se nos impõe lutar contra este aventureirismo avaliativo, porque é aqui que nós temos intervenção directa em todo este arquitectado processo. Podemos entravar os objectivos ministeriais que intencionalmente subverte todos os valores democráticos e participativos de uma escola pública e cooperante, para perigosamente abrir o caminho perverso da competição individualista bem ao jeito selvático do “salve-se quem puder”.

Se deixamos este monstro começar a funcionar ele come toda a nossa visão de trabalho colectivo que sempre caracterizou a classe. Rapidamente nos voltamos uns contra outros, passamos a desconfiar de todos e a desgastar as relações pessoais e profissionais demoradamente construídas. Este é declaradamente um dos perniciosos objectivos desta ardilosa politica de educação.

Não podemos consentir que um petulante “socialismo” de algibeira afronte indecorosamente uma classe de relevantes e imprescindíveis préstimos sociais e formativos. Não somos intocáveis mas exigimos respeito.

Não podemos pactuar com um sistema que nos quer transformar em ordeiros criadores de fichas, em sapientes fazedores de planificações, em verdugos controladores de lacunas, em zelosos examinadores de aulas e em indefectíveis classificadores de pares, ao serviço da conveniência leviana do “faz de conta”. Não nos retirem tempo e paciência que obste a missão digna que nos foi confiada que é a de educar. Exigimos respeito.

Afirmativamente, os professores/educadores deste país, vão dizer aos senhores e senhoras do absoluto poder, que encapotados de “socialistas” intentam restituir a chantagem ameaçadora do medo, que nada faz temer nem ceder a causa do direito que lutamos para ter.

Até sábado, onde juntos teremos a força da exigência que a razão do respeito impõe.

José Maria Cardoso
Sec. Alcaides de Faria – Barcelos

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