quinta-feira, 14 de maio de 2009

Abril por Maio adentro


A política para a educação reconhece-se na política de emprego. Quebrar uma relação solidária e cooperante entre os professores e erguer em seu lugar um modelo hierarquizado e competitivo é o objectivo de fundo da engenharia da carreira e do modelo de avaliação que o governo defende. Criar uma cadeia de comando que não admita réplicas entre a maioria política, a administração escolar e os docentes é o objectivo do modelo de gestão e administração escolar. Deixar os professores a sós na procura de emprego e na relação contratual com a administração é a meta do modelo de concursos e do vínculo de contrato.

Carreira docente, gestão escolar, concursos, vínculos profissionais são quatro eixos centrais que convergem para uma concepção de escola-empresa em que os docentes não são vistos como autores de educação mas meros produtores de conhecimento académico numa linha de montagem com metas de produtividade.

Esta foi uma das mudanças de rumo mais ousadas do governo do partido socialista. No tempo de um mandato ergueram um projecto de escola que rejeita um dos maiores ganhos de Abril, o de uma escola que se reconhece como lugar de construção de cultura, conhecimento, criatividade e partilha. O não-lugar que o governo quer lá colocar exige dos docentes uma força reconquistada, vivida em conjunto à sombra das bandeiras de cores diversas e feita ecoar nas avenidas de Abril e Maio.

Defender o direito de ter orgulho numa actividade profissional como a dos docentes é o que temos feito, um orgulho que se auto-questiona e que se interpreta mas não abdica de assumir a responsabilidade de ser parte da construção de um projecto de educação que não se molda à onda liberalizadora dos tempos nem se conforma com nenhuma cedência à prepotência.

Excerto de artigo de Alda Macedo em
escola.info

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