sábado, 26 de abril de 2008

A avaliação, ainda

Com o “entendimento” subscrito pelos sindicatos, suspendeu-se temporariamente o processo de avaliação, obrigando a que ficasse reduzido a uma caricatura daquilo que o Ministério pretendia.
No entanto, remeter para o final de 2008/2009 a apreciação desse modelo, significa abrir a porta para que a sua implementação possa entretanto prosseguir a partir do início do próximo ano lectivo.
Isto é de todo em todo inaceitável. Está claramente visto o carácter deste modelo de avaliação – é burocrático, hierarquizado, pretende centrar-se nos resultados escolares dos alunos, descontextualizados e pretensamente “objectivados”. É nesse sentido um modelo profundamente injusto, desfocando da escola para o professor o eixo da avaliação.
Assenta em perversões múltiplas, designadamente porque associado ao sistema de quotas, que englobam avaliadores e avaliados. É ainda punitivo, porque incapaz de melhorar as práticas pedagógicas em contexto escolar e com base em formas sociais de desenvolvimento profissional.
Esperar pelo final do próximo ano lectivo é chover no molhado, é criar condições para que paulatinamente se instale aquilo que Ministério pretende, passando um atestado de menoridade aos cem mil que saíram à rua justamente para contestar este modelo de avaliação.
A avaliação dos professores só faz sentido se estiver ao serviço da qualificação da escola pública, horizonte de referência para abrir caminho a um novo modelo centrado na escola.
Têm surgido alguns contributos nesse sentido, o que reforça a necessidade de os debater, de apresentar novas propostas e continuar a questionar o desvario em que o Ministério insiste, o que é preciso complementar com a continuação das acções de protesto, centradas na escola e fora dela, de âmbito sindical ou de mais alargado.
Pela nossa parte prosseguiremos esse caminho, que é também um caminho de construção de redes e solidariedades fundadas tanto na escola e nos colectivos de professores, como na dimensão cívica que coloca em convergência todos os que, independentemente da sua profissão, defendem a escola pública.

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