terça-feira, 15 de abril de 2008

Dia D quê?

Em Elvas éramos quatro, mais dois dirigentes sindicais. E o dia D, ou melhor a hora D, foi uma conversa. E a conversa não me deixou satisfeito.
O dirigente sindical presente, felizmente não do mesmo sindicato que eu, insistia na grande vitória da qual decorria “um ano experimental”, o de 2009, sem consequências nas progressões na carreira e contagens do tempo de serviço, no final do qual os dirigentes sindicais terão assento numa comissão para avaliar a avaliação. Uma perspectiva que dá como adquirido que esta anormalidade avaliadora segue dentro de momentos e que depois, lá para o final do ano que vem, os dirigentes sindicais lá estarão para ajudar a corrigir… Uma perspectiva derrotista que parece não compreender que o único caminho para defender a escola pública é a continuação da luta dos professores e não colocá-la em “banho-maria” negocial. Parar agora é morrer.
Para além do mais, o dirigente sindical presente, que, repito, felizmente não é do mesmo sindicato do que eu, defendia um relativismo extremo e, no mínimo original, se não parecesse insultuoso do ponto de vista de um trabalhador precário. Precariedade e a instabilidade dos contratados? Isso é relativo respondia. Afinal já nem há muitos contratados (pois não esta relatividade foi o maior despedimento colectivo da nossa história recente…). Baixos salários? Isso é relativo. Afinal o salário é relativo aos “encargos” que se tem e uma pessoa que ganhe pouco se tiver poucos encargos até que tem um bom salário.
A teoria dos encargos do encarregado de nos esclarecer sobre o redentor acordo não me convenceu. Nem o seu relativismo. A falta de discussão do que queremos como modelo de avaliação e de gestão das escolas, como estatuto da carreira docente, como também não me convenceu. É que por mais que se fale no efeito desmobilizador dos críticos ao acordo com o Ministério da Educação é com defensores assim que a desmobilização é garantida…

Do que estou mesmo convencido é que são cada vez mais precisos novos dias D luta!

Carlos Carujo, Elvas

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