O acordo entre o ME e os sindicatos corresponde a uma derrota infligida a um governo que se apresentou prepotente e arrogante. O governo que não transigia, que não negociava, que não cedia à rua, morreu. A rua foi a esmagadora maioria da classe docente unida. Foi o dia em que a rua foi a escola no que ela tem de melhor.
Agora, depois de corrigidas as pequenas injustiças flagrantes de quem queria impor um modelo à pressa, contra tudo e contra todos, é tempo de regressar ao essencial: a luta contra o estatuto da carreira docente, contra a precariedade e o desemprego, a defesa do ensino público contra as ofensivas de que é alvo diariamente.
E certamente que, mesmo deixando cair alguns pontos em negociações comodamente iniciadas em cima de férias escolas, o governo vai querer impor o coração do seu modelo. E certamente que, ainda que negociando o modelo de avaliação, dá já por adquirido o modelo de gestão e a carreira docente. Se dormirmos à sombra de uma vitória parcial acordamos com uma derrota total.
Por isso, penso que a mobilização não pode parar. Não se deveriam transformar as acções de luta em “sessões de esclarecimento” sobre a natureza do acordo. O que é preciso debater é o que o que vai ser negociado em período de férias. É tempo de realizar uma discussão efectiva, que não pode ser mera auscultação com tudo já decidido à partida. É tempo de partir para um processo participativo e democrático a sério que culmine com uma contra-proposta sobre a avaliação, sobre um novo estatuto da carreira docente, sobre a vinculação dos professores contratados, por parte do conjunto da classe.
É preciso reinventar os dias em que a escola seja a democracia no que ela tem de melhor.
Carlos Carujo, Elvas
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