Não sei que mais admirar, se a cegueira do primeiro-ministro, se a sua persistência. Pode-se pensar que uma e outra se coalimentam, mas não será bem assim. Quem é cego para eventuais prejuízos partidários e persiste no caminho do confronto é porque tem fins pessoais que nada têm que ver com os do grupo a que diz pertencer. Este governo «PS» é uma caricatura de socialismo. A força dum governo assim não vem de dentro. Este Sócrates e o seu entorno são sustentados por interesses de matriz neoliberal a que são fiéis. Algo que está para além da pura lógica partidária. Cegos sim, mas de vistas largas!
Quem se der à maçada de recuperar o programa PS da candidatura de 2005 pode ler, sem espanto: “Definiremos também um programa nacional de formação de professores com explicitação de perfis de desempenho e com consequentes medidas de incentivo à qualidade da formação inicial e contínua. A avaliação de desempenho dos professores, neste contexto, deve ser acompanhada por iniciativas que aumentem a motivação e a auto-estima dos professores em função dos resultados obtidos e das boas práticas reconhecidas pelos seus pares.”
O espanto veio depois, quando o governo que saiu dessas eleições fez um ataque cerrado aos professores e, após impor um estatuto de carreira docente assente em critérios economicistas, quis impor um modelo avaliativo, um modelo de gestão e um estatuto do aluno conducentes à degradação quer das condições de trabalho, quer da qualidade da educação, para abrir portas à liberalização do ensino.
Mas tal objectivo desestatizante, efectivado através de técnicas terroristas, não transparece dum inócuo “promoveremos o apoio estatal, assente na qualidade e através de formas claras e rigorosas de contratualização, ao ensino particular e cooperativo”, como se lê no referido programa eleitoral. Mas por que é que só meia dúzia de deputados eleitos com este programa se rebelam contra as políticas desta equipa ministerial e do seu chefe supremo? A resposta, deixando de parte alguma eventual má fé, só pode ser: ignorância. De facto, quem aprova leis como a do estatuto do aluno, que tem sido o cavalo de tróia da desestabilização da escola, só pode estar a decidir cegamente sobre matérias que não domina. Cegos estes, não aquele.
Amadora, 13/12/08
Luís Ladeira
Quem se der à maçada de recuperar o programa PS da candidatura de 2005 pode ler, sem espanto: “Definiremos também um programa nacional de formação de professores com explicitação de perfis de desempenho e com consequentes medidas de incentivo à qualidade da formação inicial e contínua. A avaliação de desempenho dos professores, neste contexto, deve ser acompanhada por iniciativas que aumentem a motivação e a auto-estima dos professores em função dos resultados obtidos e das boas práticas reconhecidas pelos seus pares.”
O espanto veio depois, quando o governo que saiu dessas eleições fez um ataque cerrado aos professores e, após impor um estatuto de carreira docente assente em critérios economicistas, quis impor um modelo avaliativo, um modelo de gestão e um estatuto do aluno conducentes à degradação quer das condições de trabalho, quer da qualidade da educação, para abrir portas à liberalização do ensino.
Mas tal objectivo desestatizante, efectivado através de técnicas terroristas, não transparece dum inócuo “promoveremos o apoio estatal, assente na qualidade e através de formas claras e rigorosas de contratualização, ao ensino particular e cooperativo”, como se lê no referido programa eleitoral. Mas por que é que só meia dúzia de deputados eleitos com este programa se rebelam contra as políticas desta equipa ministerial e do seu chefe supremo? A resposta, deixando de parte alguma eventual má fé, só pode ser: ignorância. De facto, quem aprova leis como a do estatuto do aluno, que tem sido o cavalo de tróia da desestabilização da escola, só pode estar a decidir cegamente sobre matérias que não domina. Cegos estes, não aquele.
Amadora, 13/12/08
Luís Ladeira
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