Mil professores resistem à chuva para protestar contra “analfabetos políticos”
Mário Nogueira pede adesão de “100 por cento” à greve de quarta-feira
Cerca de um milhar de professores estiveram esta sexta-feira à noite no Jardim Manuel Bivar, em Faro, resistindo à chuva e ao frio para dizer “não” a esta avaliação e protestar contra os “analfabetos políticos” que dirigem o ministério da Educação.
“Categoria há só uma: professor e mais nenhuma”, “Milu, Milu preenche as grelhas tu”, “Está na hora da ministra ir embora” ou “Sócrates, escuta, os professores estão em luta!”, foram algumas das palavras de ordem cantadas pelos docentes vindos de vários pontos da região.
O último a discursar foi o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (FENPROF), Mário Nogueira, vindo directamente de Beja, por onde passou após a reunião da tarde com a ministra, encontro que descreveu como um “pesadelo”.
Repetindo o que já havia dito após a reunião, o líder sindical pediu a demissão de Maria de Lurdes Rodrigues: “Sinceramente, já é demais. Está mesmo na hora da ministra se ir embora… Já não há paciência para a aturar!”, disse. O dirigente da FENPROF acrescentou que a ministra “não foi capaz de ler” os protestos da classe docente nos últimos dois anos. “À frente do ministério, não podem estar analfabetos políticos.”
Mário Nogueira lembrou que na reunião a ministra da Educação manteve as mesmas ideias. “Mostrou-se inflexível e disse-nos que não ia haver suspensão do modelo. E insinuou que os professores não querem ser avaliados”, sustentou. Sem diálogo possível, porque a “postura negocial da ministra é inexistente” e “sem suspensão não haverá negociação”, frisou, o passo seguinte passa pela greve, para deixar a ministra “isolada”. “Pedimos uma grande afirmação dos professores na próxima quarta-feira, 3, com adesão a 100 por cento”, sustentou Mário Nogueira, acrescentando: “Nenhum professor com ‘P’ grande pode deixar de fazer greve!”
Após a greve nacional de quarta-feira, seguem-se as greves regionais (no dia 12, na zona sul), uma vigília de 48 horas à porta do ministério (dias 4 e 5) e uma greve na semana das reuniões de lançamento das notas dos alunos (a partir de dia 15).
Os professores lutam pela suspensão desta avaliação mas não pretendem um vazio legislativo: “Queremos uma solução transitória para este ano e um novo modelo para o futuro.” No Algarve, num universo de 70 conjuntos de escolas (entre escolas secundárias e agrupamentos escolares), já houve suspensão do modelo em cerca de três dezenas, informaram os dirigentes sindicais da região. No total do país, ascendem a 400 escolas.
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