terça-feira, 4 de março de 2008

ALGUNS PROCURAM LANÇAR PAIS CONTRA PROFESSORES...

Penso ser visível o esforço desta Ministra em manter uma estreita ligação aos representantes das Associações de Pais a nível nacional, procurando dessa forma encontrar algum apoio, que dê alguma credibilidade ao essencial da sua política. É assim com esta Ministra e foi no passado com outros Ministros.

Naturalmente que os pais, que na sua maioria procuram o bem-estar dos seus filhos, têm noção da importância do papel do professor no sistema e da necessidade de que qualquer reforma não poder ser feita contra eles. É também verdade que o Ministério faz um grande esforço por tomar algumas medidas que respondam a algumas expectativas dos representantes dos pais nas suas Associações.

Tal como no passado e entre muitos, lembro apenas o caso do Dec.lei 115/A-98, que deu representação aos pais nos órgãos da escola e nunca foi regulamentado, o que na prática sempre dificultou e muito essa participação e foi usado pelo então Ministério. No presente refiro apenas a nova proposta de gestão escolar, em que o Ministério pretende reforçar o número de pais no Conselho Geral, sem se saber bem como, pois as Associações têm noção que o mais importante é criarem-se condições para a sua real participação, quer a nível legislativo quer a nível da relação com os responsáveis das DREs e da resposta positiva e em tempo oportuno a muitos problemas que lhes são colocados.

Mas o certo é que este discurso serve de bombom para procurar neutralizar os pais, e em particular os seus representantes.
Penso que hoje em dia poucos serão os professores que colocam em causa a participação dos pais e da comunidade na vida regular das escolas e por isso parece-me fundamental a existência de um estreitamento de relações que permita lealdade e respeito pela parceria entre ambas as partes, para que mais facilmente possa ser entendido pelos pais o que está em causa na presente luta dos professores.

Esta relação poderá anular a postura, que alguns dirigentes do Movimento Associativo de Pais entendem ser apropriada, ao permitirem ser usados como defesas das políticas desenvolvidas.
Esta é uma matéria que actualmente divide os representantes dos pais, razão pela qual não se pode generalizar a ideia que as Associações de Pais estão a ser usadas pela Ministra.
No interior do Movimento Associativo de Pais, esta é uma matéria que esta a ser fortemente debatida e tal como sempre defendi, um mau pai não permite generalizar a todos os pais, como um mau professor não permite generalizar a todos os professores.

Mas também importa realçar que a defesa da escola pública é claramente indissociável ao papel da actual maioria das Associações de Pais, como foi reafirmado nas Assembleias Gerais da Confap, em Gondomar no dia 2 de Março e também da Ferlap, no dia 23 de Fevereiro.
Os pais pretendem de facto que o Ministério encontre resposta às questões dos professores, de forma a evitar que o desgaste e a desconfiança da classe docente, possa em algum momento reflectir-se no ensino. Sabemos que como em qualquer profissão, a motivação é essencial, por isso é urgente que esta equipa ministerial seja substituída, pois já deu mostras da incapacidade de consensualizar todas as partes no sistema educativo. Acima de tudo, em nome de todos os alunos

Vitor Sarmento – ex presidente da CONFAP

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