"Estudiosos britânicos concluíram que turmas grandes são especialmente desvantajosas para os alunos com maiores dificuldades que sofrem mais com a falta de atenção individualizada e que por consequência "se perdem"…
Acrescentar cinco alunos a uma turma aumenta em 40% a probabilidade dos alunos com dificuldades não atingirem o sucesso. Em contrapartida, o efeito deste aumento é negligenciável para os alunos que têm maior facilidade na aquisição de conhecimentos.
Os estudos têm como base a observação de 686 crianças em 49 escolas. Descobriu-se que em turmas de 30 alunos, o mau comportamento dos alunos com maiores dificuldades, mais do que duplica se comparado com o que acontece em turmas de 15 alunos[1]. O Professor Peter Blatchford, autor do estudo, declarou que para estes alunos é muito importante aumentar o número de interacções individualizadas, turmas maiores obrigam a uma atitude mais passiva por parte dos alunos e levam a uma atitude de “desistência”.
Estudos anteriores indicavam que as crianças beneficiam quando as turmas têm entre 15 e 20 alunos mas, os estudos conduzidos pelo Professor Dylan William sugerem que diminuir o número de alunos por turma para aumentar a qualidade das aprendizagens, é uma medida cara que só se justifica em casos em que há alunos com problemas de comportamento.
Nós, por cá, em consequência das alterações legislativas recentes, nomeadamente, pelo DL n.º 3/2008, que implica uma maior selectividade nos alunos que podem ser abrangidos pelo regime de Educação Especial e, que deixa de considerar que a inclusão destes alunos implique a redução da turma. Ou seja, não só os serviços especializados de Educação Especial irão prestar apoio a menos alunos (o diploma impõe critérios muito rígidos, nem sempre passíveis de serem devidamente documentados sobretudo, por famílias de menores recursos) como ainda, muitos alunos que até à data beneficiavam de apoio especializado irão ver-se desprovidos do mesmo, e irão ver-se integrados em turmas normais.
O alunos com necessidades educativas especiais de carácter permanente e, todos os outros que por circuntâncias diversas tinham, até agora, beneficiado de apoio pedagógico acrescido (especializado), ver-se-ão integrados em turmas onde a interacção individualizada com o professor será inadequada com as inevitáveis sequelas ao nível do seu comportamento e do sucesso escolar.
Que sucesso estaremos nós a promover para estes alunos no mesmo ano em que Portugal anuncia, com pompa e circunstância, a organização de uma conferência internacional sobre a Escola Inclusiva?"
Consulta o estudo publicado no The Guardian
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